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Pós-graduandos da Fiocruz vivenciam promoção da saúde e Agenda 2030 em comunidades tradicionais



Nos dias 12 e 13 de novembro, o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) recebeu os alunos do Programa de Pós-graduação de Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (PGEBS/IOC/Fiocruz). A partir da disciplina "Promoção da Saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030" , acadêmicos e pesquisadores tiveram a oportunidade de conhecer as práticas ancestrais e tecnologias sociais das comunidades tradicionais do território e sua relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. 


A atividade, que teve como objetivo principal fomentar o diálogo entre saber popular e científico, foi realizada na sede do Observatório e na Quilombo Campinho da Independência, em Paraty, onde os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais da realidade e dos desafios das comunidades. Nesses espaços, foram apresentadas experiências nas áreas do saneamento ecológico, turismo de base comunitária, agroecologia, educação ambiental crítica e educação diferenciada. 


“A aula foi sobre Promoção à Saúde em Territórios Sustentáveis e Saudáveis. Então, além de apresentar o Observatório como um todo, trouxemos também a especificidade e os desafios que são diferentes à promoção à saúde em territórios de comunidades tradicionais”, destaca Helena Rodrigues, Assessora de Governança de Gestão e na Promoção de Saúde Mental do OTSS.


Ao longo de dois dias, os participantes puderam compreender como as práticas de promoção da saúde e as tecnologias sociais desenvolvidas nas comunidades tradicionais contribuem diretamente para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A valorização dos modos de vida tradicionais emergiu como uma estratégia fundamental para a preservação da sociobiodiversidade e a manutenção da vida.



“Essa articulação da teoria com a prática é enriquecedora, aprender sobre essas questões da promoção da saúde de uma forma muito mais ampla, porque a gente está indo no território, a gente está compreendendo como as ações vão sendo construídas junto com a comunidade, como essa articulação se dá em torno dessa troca de saberes, o que os pesquisadores e os cientistas vão compreendendo daquele local. A gente precisa entender a linguagem daquelas pessoas que moram ali. E o mais bacana é o produto disso, desse diálogo entre a ciência e os saberes comunitários, o que que se produz com isso tudo”, destaca Lauriana Martins Santana. Estudante do Doutorado na Fiocruz.


As aulas práticas realizadas na comunidade e na sede proporcionaram aos alunos uma imersão ao universo das comunidades tradicionais. Através das trocas de experiências com os comunitários, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto as tecnologias de saneamento ecológico implementadas na comunidade, compreendendo seus benefícios para a saúde e o meio ambiente.


Puderam também vivenciar o turismo de base comunitária, atividade que valoriza cultura e os modos de vida local e que contribui com a geração de renda das famílias. Andando pelos roçados da comunidade, memórias, histórias e saberes foram compartilhados, ampliando o olhar para as práticas agroecológicas utilizadas na produção de alimentos saudáveis e sustentáveis, que beneficiam não só a comunidade como também a alimentação escolar do município, a partir do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). 


“Do restaurante comunitário aos caminhos dos roçados integrados pela agrofloresta, uma ecologia de saberes brotava a cada parada, eram saberes ancestrais, ensinados de geração a geração. Penso que é destes saberes que precisamos para a construção de futuros possíveis. É urgente reconhecer o papel dos povos de comunidades tradicionais para o alcance das metas dos ODS, uma vez que provam a cada dia que a saúde está na preservação e no uso sustentável dos recursos naturais, não a partir de uma perspectiva de exploração e  produção, mais sim, de integração com a natureza”, diz Angélica Rodrigues, Educadora Popular e Assessora da Coordenação da Gestão de Saberes do  OTSS. 


No que se refere à temática da educação diferenciada, os alunos puderam conhecer as experiências e a trajetória de luta das comunidades da Praia do Sono e Pouso da Cajaíba, além das ações formativas do Projeto Redes, focadas na educação ambiental crítica. Esse espaço de debate foi extremamente enriquecedor, ressaltando a importância de processos formativos que respeitem e valorizem a identidade cultural, permitindo que as particularidades de cada grupo social — caiçaras, indígenas e quilombolas — sejam reconhecidas e integradas aos processos educativos.




“Essa conexão com o Observatório nasceu na época que eu coordenava a área de promoção da saúde. E essa disciplina passa a fazer parte do pacote de ações do Instituto Oswaldo Cruz para a Agenda 2030.  Para a gente foi uma alegria poder estar aqui, temos muito interesse em fazer uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz e o Observatório, para avançarmos além dos processos formativos, mas também para os pesquisadores dentro dos programas de pós-graduação.  A gente quer trazer as expertises do Instituto para cá e levar para lá as expertises daqui, principalmente das comunidades”, completa Luciana Garzoni, docente do Programa de Pós-graduação e Ensino Biociências e de Saúde, vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e coordenadora do Programa de Pesquisa Translacional de promoção da Saúde do Instituto Oswaldo Cruz.


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Texto: Débora Gérberah

Edição": Angélica Rodrigues

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