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Jadson Santos: caiçara que leva a vida dedicada à luta do seu povo

Nascido na comunidade caiçara da Praia do Sono, em Paraty (RJ), Jadson Santos fez e faz história batalhando pelo povo daquele lugar e enfrentando os desafios de ser povo tradicional no Brasil.

Ainda quando era jovem, ele começou sua vida política participando da diretoria da Associação de Moradores Originários da Praia do Sono (AmoSono). Foi um dos fundadores do Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT) e participa desde então das articulações nacionais dos povos caiçaras do Brasil. Em entrevista para o Observatório de Território Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), ele conta um pouco mais sobre a sua história, que dialoga também com a trajetória do projeto.

Como começou sua participação na história e na luta da sua comunidade?
Entrei como diretor social da Associação. Na eleição seguinte, fiquei como vice-presidente durante dois mandatos. Isso me ensinou muito, até mesmo porque aqui temos um histórico de luta desde os anos 60. Grande parte desse conflito com relação à especulação imobiliária. A partir disso, minha presença passou a ser exigida nos diversos espaços de movimentos sociais.
E sobre sua formação política junto ao FCT, o que você pode nos contar?
Em 2007 nasceu o FCT e com isso as demandas e articulações aumentaram cada vez mais. Fomos incluídos em diversas articulações. Nesse mesmo ano fiz alguns cursos de emancipação em movimentos sociais no Rio de Janeiro, em universidades, acampamentos e assentamentos. Também articulei a vinda de movimentos de outros lugares para o nosso território na Praia do Sono, aldeia Araponga, Pouso da Cajaíba e e Quilombo Santa Rita do Bracuí. Participei durante muito tempo do Conselho das Associações de Paraty e integrei núcleo duro de constituição do FCT. Com o tempo passamos a ocupar os Conselhos Municipais, da APA, entre outros.
Como se deu sua participação durante a aproximação do FCT e a Fiocruz no intuito de criar o OTSS?
Pelo que eu me lembre, em 2009 iniciamos uma conversa com possibilidade de apoios da Fiocruz para um pequeno edital de pesquisa ação em saneamento. O Fórum decidiu que a comunidade escolhida seria o Sono. Desde então, começamos os trabalhos de campo e nesse processo nasce o Observatório possibilitando a participação de 12 articuladores comunitários. Entre eles, eu era um dos articuladores e trabalhei durante três anos.
O que foi construído nesse primeiro passo com a parceria Fiocruz e Fórum de Comunidades Tradicionais?
Construímos a proposta de saneamento ecológico do tanque de evapotranspiração tratado com zona de raízes. E no dia 10 de julho de 2014 inauguramos o primeiro módulo da escola da praia do Sono. Seguimos essa tecnologia social que é o saneamento ecológico em várias residências perto da cachoeira até que no ano passado concluímos 12 módulos na comunidade, incluindo o último que foi construído na associação de moradores.
Qual foi o legado desse processo de implementação de uma tecnologia social?
O grande legado que tivemos foi que essas articulações permitiram conhecer esse direito tão importante de promoção da saúde por meio de uma tecnologia social. E o trabalho foi realizado com a equipe da própria comunidade construindo. Ou seja, houve a capacitação da equipe e alguns módulos foram reproduzidos por meio do modelo aprendido.
O Saneamento Ecológico nesse caso, transcende sua função primordial?
Pudemos compreender que saneamento é também resistência e permite a construção de política pública. Foi fundamental também vivenciar a validação desse modelo que desenvolvemos. Durante esse período construiu-se o Plano Nacional de Saneamento Rural, e nós participamos. Nossa luta agora é pela institucionalização desta política e principalmente para que as comunidades se empoderem desse precedente aberto. Hoje o saneamento ecológico é um das principais atrativos turístico local, ou seja, faz parte do roteiro de turismo de base comunitária.



Texto: Vanessa Cancian/Comunicação OTSS

Foto: Eduardo Napoli/ Comunicação OTSS

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