Reconhecimento do trabalho realizado entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) foi anunciado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS Brasil) e pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, que reúne organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns e fundações brasileiras para dar seguimento aos compromissos da Agenda 2030 da ONU.
O Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), foi apontado como uma das 10 iniciativas mais inovadoras para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil em 2021. A seleção foi anunciada pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) e pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS Brasil).
Realizada por meio de uma chamada pública, a seleção recebeu 74 propostas. "Essa premiação mostra o acerto da estratégia de governança territorial do OTSS e a efetividade das soluções que foram desenvolvidas para a implementação dos ODSs. Além disso, esse reconhecimento dá visibilidade para a contribuição que os conhecimentos tradicionais trazem para a implementação da Agenda 2030 e para a construção de territórios sustentáveis e saudáveis", salienta Edmundo Gallo, coordenador geral do OTSS e pesquisador-titular da Fiocruz.
As 10 soluções selecionadas participarão do III Seminário de Soluções Inovadoras para o Desenvolvimento Sustentável, previsto para o mês de junho, e farão parte de uma publicação para que sejam conhecidas por potenciais apoiadores e investidores. Também receberão mentoria qualificada sobre planejamento estratégico, mapeamento de atores, indicadores de impacto, entre outros assuntos de interesse para bons modelos de negócios. A ação tem o apoio da plataforma Prosas e financiamento da União Europeia.
Puderam ser inscritos programas, projetos ou tecnologias desenvolvidas por organizações da sociedade civil ou instituições de ensino e pesquisa, com CNPJ ativo, dotadas de alto potencial de impacto e que estejam em busca de apoiadores para ampliar seu alcance. A solução deve estar implementada e evidenciar inovação técnica, de gestão e/ou de relacionamento com partes interessadas, além de gerar impacto socioambiental positivo capaz de contribuir para a implementação dos ODS rumo a 2030.
Para conhecer todas as dez iniciativas selecionadas pelo GT Agenda 2030, clique aqui.
Agenda 2030 na Fiocruz
Os países que fazem parte das Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram, durante a Rio+20, um termo de compromisso chamado de Agenda 2030. Essa agenda contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) que compõem metas e ações para serem alcançadas por todos os países até o ano de 2030.
Em 2017, a presidência da Fiocruz instituiu a “Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030”. A estratégia incorpora o documento das Nações Unidas ao desenvolvimento estratégico e ao programa de trabalho da Fiocruz em médio e longo prazos, com um entendimento que parte da determinação social da saúde e de temas conexos dos estudos sociais de ciências, da ecologia de saberes e da teoria crítica sobre inovação e de modelos de desenvolvimento.
Entre outras ações para executar essa estratégia, a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) escolheram a Serra da Bocaina como laboratório para iniciar um monitoramento quadrienal da implementação da Agenda 2030 da ONU no contexto dos povos e comunidades tradicionais. A região foi escolhida pelo fato de o OTSS já atuar de forma a ressignificar os indicadores da Agenda 2030 e criar estratégias territorializadas de avaliação e monitoramento dos ODS tendo em vista as especificidades das comunidades tradicionais.
“A conexão do Projeto Bocaina com a Agenda 2030 ganhou uma dimensão extraordinária com a decisão de realizar nesse território o monitoramento dos ODS. É algo inédito, que desponta como uma das experiências mais inovadoras em tecnologias sociais relacionadas à Agenda 2030”, afirma Paulo Gadelha, Ex-presidente da Fiocruz e coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030.
Para acessar a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, clique aqui.
Sobre o OTSS
Uma iniciativa de articulação de saberes e práticas, a partir da criação de “territórios de aprendizagem”, onde um conjunto de unidades da Fiocruz, de movimentos sociais e de parceiros institucionais possam desenvolver e compartilhar conhecimentos, metodologias e estratégias que contribuam para a construção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (TSS). Assim a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, descreve o objetivo do Programa de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina, criado em 2020.
Na prática, a decisão institucionaliza a experiência do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) na Fiocruz. Criado a partir de uma parceria entre a instituição e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), o OTSS é um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.
“A criação do Programa de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina é particularmente importante neste momento em que a Fiocruz completa 120 anos. Ele reforça o papel da geração de conhecimento em diálogo com os movimentos sociais em torno de projetos de desenvolvimento sustentável e a possibilidade de que essas soluções e inovações, construídas conjuntamente, possam ser integradas ao sistema de saúde e às políticas sociais. Isso é o que o Programa Bocaina nos inspira”, declara Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz.
Com o apoio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), o OTSS atua, desde 2009, em territórios indígenas, quilombolas e caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba nas áreas de saneamento ecológico, agroecologia, turismo de base comunitária (TBC), promoção da saúde, educação diferenciada, justiça socioambiental, cartografia social, incubação de tecnologias sociais e monitoramento territorializado da Agenda 2030. Todas estas áreas de atuação, segundo a portaria, passam a ser incorporadas também pelo Programa Bocaina.
"Quando a gente está falando de produção de conhecimento científico, o primeiro ponto é que o olhar para a saúde deve ser ampliado de fato. E olhar para a saúde hoje é pensar em ações que integrem, por exemplo, a atenção, a promoção e o ambiente a partir dos territórios. A nova forma horizontalizada de fazer conhecimento deve partir desse olhar sobre os territórios, e nossa proposta é aprofundar esse debate a partir da relação com os movimentos sociais. É fazer com, não fazer para. É a ciência sendo feita com os movimentos a partir também das demandas vindas dos movimentos", completa Marco Menezes, vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS).
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Diálogo é tudo que precisamos para atender as demandas sociais localmente!!! Parabéns pelo trabalho e que possamos compartilhar esse importante trabalho no seio de nossos territórios!🙂