top of page

Curso do Projeto Redes mobiliza comunidades tradicionais para gestão de riscos e desastres



Cerca de 30 lideranças e educadores/as caiçaras, indígenas e quilombolas do litoral sul do Rio de Janeiro e do litoral norte de São Paulo já estão formados pelo Curso de Gestão de Riscos e Desastres da Rede de Formação Socioambiental do Projeto Redes. O objetivo do curso foi avançar em estratégias de prevenção, mitigação e resposta participativas e baseadas nas comunidades, garantindo que as vozes das populações tradicionais sejam ouvidas e consideradas no planejamento e na implementação de ações de gestão de riscos no contexto das mudanças climáticas. 


Realizado entre os dias 26 de setembro e 26 de outubro em parceria com a União dos Atingidos e o Grupo de Pesquisa em Desastres Sócio-naturais da Universidade Federal Fluminense  (GDEN/IEAR/UFF), o curso é um dos oito oferecidos a partir deste ano pela Rede de Formação Socioambiental do Projeto Redes, uma condicionante do licenciamento ambiental federal conduzido pelo Ibama. 


“Eu busquei o curso pelo acontecido do ano passado na nossa comunidade, que foi devastada pela tragédia da chuva de fevereiro do ano passado. Nunca imaginávamos que poderia acontecer algo do tipo. O curso trouxe o conhecimento de diversos casos parecidos com o nosso e até pior. Então, percebemos que a luta não é só minha e da minha comunidade, a luta é de um povo que é esquecido. E a única forma de conseguirmos vencer é nos unindo”, destaca Leandro dos Santos, o Nego Léo, da Vila Sahy em São Sebastião (SP).



Com uma carga horária de 60 horas e 31 participantes, o curso adotou a metodologia da pedagogia da alternância, abordagem que favorece o vínculo entre os desafios reais das comunidades e as discussões acadêmicas. O curso foi estruturado em Tempo Escola e Tempo Comunidade e ocorreu no Sertão do Cambury, São Sebastião, Ponta Negra, Quilombo do Bracuí e Monsuaba.


“Falar sobre o curso de Gestão de Riscos é falar sobre um curso que abriu os nossos olhos, a área aqui é de risco e a gente nunca teve esse olhar, porque a gente não tinha essa formação. Conhecemos São Sebastião, Ponta Negra e Monsuaba e cada lugar que a gente passava era uma luta social diferente, como São Sebastião com a União dos Atingidos, e nos inspirou para ser mais persistente nas nossas lutas. O curso de gestão de riscos foi além de mostrar os riscos, tirou as tapas dos nossos olhos, nossas vendas', conta Dafne de Oliveira, do Quilombo da Ilha de Marambaia, em Mangaratiba (RJ).


O curso abordou temas como Emergência Climática e Medidas de Adaptação, Direitos Fundamentais Pré e Pós-desastres, Saúde Mental e Resiliência a Desastres, Sistema de Alerta Centrado em Pessoal e Licenciamento Aplicado à Gestão de Riscos de Desastres, entre outros.


“O curso de Gestão de Riscos e Desastres oferecido pelo Projeto Redes tem uma importância muito grande, porque surge como uma necessidade das comunidades abrangidas pelo projeto. Um curso realizado a partir da escuta dos comunitários e acadêmicos. E com um resultado extremamente positivo, com os cursistas concluindo o com um excelente percentual. Eu, como pesquisador acadêmico na Universidade Federal Fluminense, saio extremamente aliviado com a educação desse processo de amplificação e participação das comunidades e dialogo com aqueles que, muitas vezes, são mais vulnerabilizados e faz parte da nossa missão institucional, e do próprio Projeto Redes, fortalecer esses movimentos para que os processos de conscientização a respeito desse tema possam finalmente cumprir a permanência das comunidades em seus territórios de forma mais segura”, celebra Anderson Mululo Sato, professor da Universidade Federal Fluminense.



Sobre o Projeto Redes


O Projeto Redes é uma condicionante exigida à Petrobras pelo Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo Ibama, da atividade de exploração do petróleo e gás natural no Pré Sal, sendo realizado no litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro.


Seu principal objetivo é fortalecer, por meio de processos formativos, a organização social, política e econômica de comunidades tradicionais e pesqueiras de forma a contribuir para sua participação ativa na gestão socioambiental e para sua permanência nos territórios onde vivem, através dos cursos da Rede de Formação Socioambiental e demais ações territoriais.


A execução da Fase 2 do Projeto é fruto de uma parceria com a Fiotec/Fiocruz por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


***

Comments


bottom of page