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Curso de comunicação popular forma caiçaras, indígenas e quilombolas de RJ e SP para a defesa de seus territórios

Atualizado: 1 de nov.


Integrantes do curso de comunicação popular do Projeto Redes durante o primeiro tempo escola, realizado na Praia Grande do Bonete, em Ubatuba (SP).


Começou nesta segunda-feira (28/10), na comunidade caiçara da Praia Grande do Bonete, em Ubatuba (SP), o Curso de Comunicação Popular da Rede de Formação Socioambiental do Projeto Redes. Com duração de 100 horas, o curso reúne 31 educadores e lideranças caiçaras, indígenas e quilombolas de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, e de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. 


Realizado em parceria com organizações como Mídia Ninja, Coletivo Intervozes, Aliança dos Povos da Mata Atlântica, Rede Nacional de Comunicação Popular (RNCP), Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS/Fiocruz), o curso aborda temas como direito à comunicação e justiça socioambiental, midiativismo, comunicação comunitária e popular em territórios tradicionais e licenciamento ambiental aplicado à comunicação popular.


"Meu sonho é entrevistar os mais velhos da aldeia e poder deixar como memória para os mais jovens, porque hoje em dia a tecnologia avançou muito e no meio disso os jovens da aldeia se apegaram muito à internet. É uma coisa ruim para a nossa cultura, e por isso que eu pensei em motivar os mais jovens a usar essa tecnologia de forma que seja bom para nós, como uma ferramenta de luta", afirma o cursista Wanderson Benite, jovem guarani Mbya da Aldeia Sapukai, em Angra dos Reis. 


Participam do curso educadores e lideranças de 22 comunidades tradicionais: aldeias guarani Sapukai (RJ) e Yakã Porã - Rio Bonito (SP), dos Quilombos da Fazenda (SP), do Campinho (RJ) e da Marambaia (RJ), e das comunidades tradicionais caiçaras da Praia do Sono, Tarituba (RJ), Lagoinha (SP), Praia Grande do Bonete (SP), Porto Novo (SP), Maresias (SP), Praia da Fome (SP), Ubatumirim (SP), Saco do Céu (RJ), Parnaioca (RJ), Jaguanum (SP), Aventureiro (RJ), Provetá (RJ), Almada (SP), Praia de São Francisco (SP), Muriqui (RJ) e Ilha de Itacuruçá (RJ).  



Sobre o Projeto Redes


O Projeto Redes é uma condicionante imposta à Petrobras pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, da atividade de exploração do petróleo e gás natural no Pré Sal, abrangendo o litoral sul do Rio de Janeiro e o litoral norte de São Paulo. Seu principal objetivo é fortalecer, por meio de processos formativos, a organização social, política e econômica de comunidades tradicionais e pesqueiras, de forma a contribuir para sua participação ativa na gestão socioambiental e para sua permanência nos territórios onde vivem. 


Quem executa a Fase 2 do Projeto é a Fiotec/Fiocruz por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria entre o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e a Fiocruz. Também participam como parceiras a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).



Sobre o curso 


O curso "Comunicação Popular: fortalecendo as lutas das comunidades tradicionais" integra uma série de oito cursos oferecidos a partir deste ano pela Rede de Formação Socioambiental do Projeto Redes.


A metodologia adotada é a pedagogia da alternância, que alterna tempos e espaços educativos para fortalecer o vínculo entre os problemas reais das comunidades e suas soluções coletivas. O primeiro tempo escola do curso ocorre na Praia Grande do Bonete, em Ubatuba (SP), de onde parte para um tempo comunidade no Quilombo da Marambaia, em Mangaratiba (RJ), e mais um tempo escola na comunidade caiçara do Porto Novo, em Caraguatatuba (SP).


"Quanto maior é o nosso alcance, mais alta é a nossa voz. E não dá hoje para a gente falar em comunicação popular sem se articular em rede. Então um dos principais objetivos deste curso não é só ensinar técnicas e ferramentas, mas permitir que a gente se articule e passe a atuar juntos em defesa de nossos territórios diante dos impactos de tantos grandes empreendimentos", afirma a liderança caiçara Monique Rosário, que integra o Núcleo Jovem do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT).


Neste contexto, o tema do Licenciamento Ambiental atravessa todos os cursos da Rede como conteúdo comum, buscando aliar a formação humana, teórica, técnica e prática com a mitigação dos impactos e conflitos socioambientais vividos diariamente pelas comunidades tradicionais e pesqueiras.




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