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Caravana do Bem Viver chega a São Sebastião e Caraguatatuba

Atualizado: 4 de dez. de 2022

Com o objetivo de ampliar atuação articulada e fortalecer as comunidades tradicionais em seus territórios, Caravana levará feira, lançamentos, partilhas, oficinas e atrações culturais a diferentes espaços e comunidades entre os dias 06 e 09 de dezembro.



Realizada por diversas instituições e movimentos sociais, a próxima edição das Caravanas do Bem Viver ocorre nos municípios de São Sebastião e Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, entre os dias 06 e 09 de dezembro. Entre as atividades previstas, estão uma partilha envolvendo a pesca e a maricultura artesanais, o lançamento do protocolo de consulta construído pelos movimentos sociais para a pesca e maricultura artesanal e a Devolutiva do Mapa “Danos Socioambientais nos Territórios Tradicionais Atingidos pelos Grandes Empreendimentos do Litoral Norte de São Paulo ao Sul do Rio de Janeiro”, que já registrou mais de 50 impactos decorrentes de grandes empreendimentos em comunidades tradicionais da região.


“A Caravana será um momento de fortalecer a articulação com as comunidades, o poder público local, universidades e os movimentos sociais de São Sebastião e Caraguatatuba, municípios que passaram a integrar nossa área de atuação a partir do início do Projeto Redes, em 2020, e que tem como objetivo construir uma Rede de Formação Socioambiental envolvendo 111 comunidades tradicionais que praticam a pesca artesanal de Mangaratiba (RJ) a Ilhabela (SP)”, explica o Coordenador de Governança e Gestão do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), Leonardo Freitas.


Idealizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), as Caravanas do Bem Viver são realizadas em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Nesta edição, que conta com o apoio da Prefeitura de São Sebastião, a Associação dos Maricultores e Pescadores da Cocanha (MAPEC) e o Coletivo Caiçara de São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba também protagonizam a construção, fortalecendo novos vínculos e parcerias entre as comunidades para a realização da Caravana no território.


"Com a licença dos nossos mais velhos, com o respeito aos povos que lutam, com reverência aos nossos territórios, com a alegria de quem recebe um parente em casa, assim damos as boas vindas aos nossos parentes que chegam nas Caravanas do Bem Viver! Que durante estes dias cuidemos das sementes plantadas neste território há quase 500 anos atrás pelos Tamoios, 'os mais antigos desta terra', para firmarmos nossos pés nesta terra e nestas águas em direção à aliança em defesa de nossos territórios", destaca Eduardo Ueda, militante do Coletivo Caiçara de São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba.


Entre as atividades abertas ao público, está a abertura da Caravana do Bem Viver, a ser realizada no Salão da Igreja Matriz de São Sebastião (Praça Major João Fernandes), às 9h de terça-feira (06/12). A atividade será seguida de debate com os movimentos pesqueiros sobre o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura Artesanal da ONU, celebrado em 2022.


Além disso, a Feira de Saberes e Sabores, que ocorrerá na Praia da Enseada na sexta-feira (09/12,) a partir das 10h, será um espaço de exposição e comercialização de produtos da agricultura familiar, da pesca e maricultura artesanal do território, trazendo também comidas típicas, artesanatos e manifestações culturais. Contaremos ainda com a apresentação dos resultados da Campanha Cuidar é Resistir, protagonizada pelo FCT desde o início da pandemia de COVID-19, com a exposição dos/as agricultores/as, pescadores/as e produtos que circularam na campanha até o momento.


Durante a 2ª Caravana do Bem Viver, estão previstas também uma Oficina de Formação em Planejamento Estratégico Situacional, uma Devolutiva da Partilha de Turismo de Base Comunitária já realizada pelo OTSS na comunidade caiçara da Cocanha, uma Oficina de Discussão do Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS), previsto para 2023, e uma Oficina de Discussão do Plano de Trabalho Interinstitucional que vem sendo elaborado em uma parceria entre Fiocruz, Unesp e UFF para estruturar uma Rede de Campi entre as instituições no litoral sul do Rio de Janeiro e no litoral norte de São Paulo.


“A realização das Caravanas do Bem Viver é uma estratégia fundamental para a nossa aproximação ainda maior ao território. Além disso, ela responde a uma demanda estratégica da Fiocruz, definida em seu Plano Plurianual, que é de aproximar a instituição dos movimentos sociais e aprofundar, com eles, as discussões sobre desenvolvimento e sustentabilidade”, explica Edmundo Gallo, Pesquisador Titular da Fiocruz e Coordenador Geral do OTSS.


Ao todo, as Caravanas do Bem Viver passarão por sete municípios: Angra dos Reis, São Sebastião e Caraguatatuba, Mangaratiba, Ilhabela e Paraty e Ubatuba. O percurso culminará com a realização, em 2023, do 1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes, evento que reunirá pesquisadores e lideranças comunitárias de diversos países para a articulação de estratégias conjuntas para a promoção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (TSS) por meio do diálogo entre saberes científicos e tradicionais.


Outro destaque será a passagem da Caravana do Bem Viver pela sede da Fiocruz, na cidade do Rio de Janeiro, em data ainda a definir. Na ocasião, trabalhadoras e trabalhadores da instituição poderão interagir com pesquisadores acadêmicos e comunitários do OTSS para avançar na construção de parcerias para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável no contexto de povos e comunidades tradicionais.


Caravanas passarão por 7 municípios que integram a área de atuação do OTSS (Fiocruz + FCT), da UFF e da Unesp no contexto do Projeto Redes, iniciativa que visa contribuir para a permanência das comunidades em seus territórios.


Sobre as Caravanas


Inspiradas nas lutas do povo em suas romarias e caminhadas, as caravanas ocorrem Brasil afora nos mais variados formatos e objetivos. Em geral, envolvem metodologias de mobilização baseadas em ações territorializadas e organizadas em diferentes rotas, o que permite a realização de atividades simultâneas que se complementam e convergem entre si.


No caso da Fiocruz e do Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), as Caravanas do Bem Viver se colocam também como uma resposta à ampliação da equipe e das ações do OTSS desde 2020, quando a organização se tornou um programa institucional da Fiocruz e ampliou sua atuação para um total de sete municípios: Mangaratiba (RJ), Angra dos Reis (RJ), Paraty (RJ), Ubatuba (SP), Caraguatatuba (SP), São Sebastião (SP) e Ilhabela (SP).


“A Caravana do Bem Viver é um movimento de atividades que se enraízam nas comunidades tradicionais. É um pé do OTSS, da Fiocruz, do FCT, da UFF e da Unesp nos lugares mais simbólicos em luta política, organização sociocultural e socioambiental comunitária, para o desenvolvimento sustentável e o bem viver da região. Este evento vai ser um momento de fortalecimento do Fórum de Comunidades Tradicionais e vamos consolidar planos coletivos para o avanço na garantia de direitos das comunidades tradicionais”, explica Marcela Cananéa, coordenadora de Justiça Socioambiental do OTSS, secretária-executiva do FCT e liderança da Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras (CNCTC).


"Nossa participação se dá em função da afirmação de nossa ação territorializada com o intuito de fortalecer ações educativas, de produção de conhecimento e de extensão e de contribuir com uma proposta de desenvolvimento territorial baseada no diálogo de saberes entre as comunidades tradicionais e o conhecimento acadêmico. Nesse sentido, a universidade também se faz presente para além dos muros dos seus campi", completa Davis Gruber Sansolo, professor da Unesp.


Abertura das Caravanas do Bem Viver em Angra dos Reis



A primeira edição da Caravana do Bem Viver ocorreu, em Angra dos Reis (RJ), entre os dias 20 e 24 de junho. Em diversos momentos, as atividades dialogaram com a Romaria da Terra, realizada no Quilombo Santa Rita do Bracuí, e contribuíram na resposta a diferentes demandas que se colocam para a defesa e garantia dos territórios tradicionais.


Entre as atividades realizadas, estiveram o lançamento da Rede de Formação Socioambiental do Projeto Redes; o 3º Encontro de Justiça Socioambiental do FCT; a Reunião Municipal do Projeto Povos; a Oficina de Trabalho sobre Gestão de Riscos de Desastres em Comunidades Tradicionais; a Reunião da Coordenação Político Pedagógica do Projeto Redes; o Encontro de Cultura Guarani e a Partilha de Turismo de Base Comunitária em Ilha Grande. Parte das atividades foi promovida pelos Projetos Redes e Povos, que são medidas exigidas pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.


"É importante lembrar que a Romaria da Terra é uma caminhada construída há muito tempo pela Comissão Pastoral da Terra e que este foi o primeiro ano em que ela aconteceu em territórios de povos e comunidades tradicionais. A Caravana do Bem Viver vem para fortalecer essa caminhada e desejamos que todas e todos sejam bem vindos para que possamos cada vez mais fortalecer a nossa luta, a nossa cultura e a nossa história", diz Fabiana Ramos, Pesquisadora do OTSS, Articuladora do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) em Angra dos Reis e moradora do Quilombo do Bracuí.


A importância da abertura das caravanas em Angra dos Reis também foi destacada por José Renato, professor da UFF associado ao Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR/UFF). "As Caravanas favorecem a convergência interinstitucional para que todas essas iniciativas e articulações que já realizamos possam se fortalecer e se integrar em diálogo com nossos parceiros nos municípios. No caso da Caravana de Angra, por exemplo, vale chamar a atenção para a discussão sobre a gestão de riscos e desastres, particularmente importante diante da tragédia ocorrida no município e das discussões sobre o Plano Diretor", destaca.


Sobre o OTSS (Fiocruz + FCT)


Criado em 2009 a partir de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) é um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.


Sob a coordenação da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS) e com o apoio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), atua em territórios indígenas, quilombolas e caiçaras de Mangaratiba, Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba, São Sebastião, Caraguatatuba e Ilhabela nas áreas de saneamento ecológico, agroecologia, pesca artesanal, turismo de base comunitária (TBC), promoção da saúde, educação diferenciada, justiça socioambiental, cartografia social, incubação de tecnologias sociais e monitoramento territorializado da Agenda 2030.


"É sempre importante o Observatório estar dentro do território das comunidades tradicionais para que possamos fazer boa articulação. E também para mostrar o que já construímos em todos esses anos, o FCT articulado com a Fiocruz, para contribuir com a permanência das comunidades em seus territórios", completa Julio Karay, integrante das coordenações do OTSS, do FCT e Comissão Guarani Yvyrupá (CGY).


Sobre a UFF


Criada em 1960, a Universidade Federal Fluminense atua em 32 municípios do Estado do Rio de Janeiro (RJ). Sua missão é promover, de forma integrada, a produção e difusão do conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural e a formação de um cidadão imbuído de valores éticos que, com competência técnica, contribua para o desenvolvimento autossustentado do Brasil.


Sobre a UNESP


Criada em 1976, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) atua em 24 municípios do Estado de São Paulo (SP). Sua missão é promover a formação profissional compromissada com a qualidade de vida, a inovação tecnológica, a sociedade sustentável, a equidade social, os direitos humanos e a participação democrática, contribuindo para a superação de desigualdades e para o exercício pleno da cidadania.

Sobre o Projeto Redes


Resultado de uma condicionante exigida à Petrobras pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, o Projeto Redes é uma política pública direcionada a comunidades tradicionais pesqueiras impactadas por empreendimentos de petróleo e gás natural no litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro. Sua segunda fase, de 2020 a 2025, é executada pela Fiotec/Fiocruz por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


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