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Capacitação sobre Territórios Saudáveis e Sustentáveis reúne gestores em saúde de todo Brasil

Atualizado: 1 de jun. de 2019

Representantes de povos e comunidades tradicionais e técnicas e técnicos das 26 superintendências da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) participaram, em Paraty, da “Capacitação em Territórios Saudáveis e Sustentáveis: Experiências e Tecnologias Aplicadas para Promoção da Saúde”.



Durante cinco dias, o território da Bocaina foi palco de um grande encontro realizado com o objetivo de ampliar o debate sobre Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS) em todas as regiões do Brasil. A “Capacitação em Territórios Saudáveis e Sustentáveis: Experiências e Tecnologias Aplicadas para Promoção da Saúde” se propôs a debater a promoção da saúde por meio do ambiente saudável, da garantia dos territórios tradicionais, do uso das plantas medicinais, da promoção da agroecologia e da difusão do saneamento ecológico em diálogo com as realidades de cada território.


O encontro foi promovido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio do Departamento de Saúde Ambiental (Desam), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS). Participaram cerca de 40 pessoas, entre elas representantes de povos e comunidades tradicionais e técnicas e técnicos das 26 superintendências da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).


"A atividade foi muito importante porque veio em um momento de consolidação de toda a cooperação técnica entre Fiocruz e Funasa na consolidação de territórios sustentáveis e saudáveis. Nosso trabalho, no decorrer dos anos, produziu um acúmulo muito grande de soluções, de tecnologias sociais, e estamos no momento de difundir essas estratégias para que possam ser reaplicadas em outros espaços do Brasil e em em outros países", destacou Edmundo Gallo, pesquisador titular da Fiocruz e coordenador geral do OTSS.


A proposta do OTSS dialoga com a formação de lideranças jovens em busca de gerar autonomia e protagonismo nos processos da construção dos territórios sustentáveis e saudáveis

A capacitação teve como objetivo ampliar a participação das equipes da Funasa em projetos que abordem a questão de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (TSS) e as diversas tecnologias sociais que são colocadas em prática para a promoção de ambientes saudáveis. O evento ocorreu na Casa da Cultura de Paraty e contou com o apoio da Prefeitura Municipal. Durante a semana, os participantes também foram levados a percorrer algumas comunidades tradicionais da região da Bocaina para conhecer e vivenciar as práticas já desenvolvidas em parceria com o OTSS.


"Trouxemos as pessoas para perceber que é possível multiplicar processos como esse. Vimos que todos gostaram muito da experiência e teremos, com certeza, um retorno no nosso pensar e nas formas de construir nosso planejamento dentro da perspectiva dos Territórios Saudáveis e Sustentáveis", destacou Juliana Rodrigues, do Departamento de Saúde Ambiental (Desam) da Funasa de Brasília.


Transmitir processos com os pés no chão


Falar sobre tecnologias sociais, políticas públicas e ecologia de saberes nos processos de promoção da saúde, evidenciar a trajetória dos processos impulsionados pela Funasa e pela Fiocruz no território da Bocaina e trazer pessoas de todas as regiões do Brasil para conhecer as pontes construídas entre o saber tradicional e acadêmico foram as marcas dos cinco dias de capacitação.

Todos os participantes puderam colocar os pés no chão e vivenciar as diversas realidades do território

Os participantes ouviram relatos de lideranças caiçaras, indígenas e quilombolas e puderam compreender a realidade destes territórios e de que forma as políticas públicas chegam hoje às comunidades. O intercâmbio ficou marcado, sobretudo, pelas visitas e vivências a campo, nas quais os técnicos, divididos em grupos, puderam conhecer experiências de agroecologia, turismo de base comunitária, educação diferenciada e saneamento ecológico já aplicadas pelo Quilombo do Campinho e pela comunidade caiçara da Praia do Sono.


"Depois de uma semana de trabalho, de experiências, de trocas, eu saio daqui agradecida pela oportunidade de fazer esse resgate com a nossa própria ancestralidade, com as nossas raízes, com a natureza, com esse território de luta e de resistência. Espero que eu possa replicar isso aos meus colegas que ficaram no Rio de Janeiro e que não têm a vivência das experiências desse território. Eu levo essa força, levo todo esse conhecimento, essa ecologia de saberes e a importância desse protagonismo social", conta Lia Mara, analista de gestão em saúde da Fiocruz/Rio de Janeiro.


"Tudo que foi dito aqui, todas as técnicas trabalhadas pelo OTSS vêm realmente atendendo diversas linhas dentro da visão que busca colocar o ser humano dentro do melhor espaço ambiental. Isso é ser sustentável e saudável", completa Miriam Cordeiro Martins Gonçalves Pereira, da Funasa/Paraná. "Consegui entender que a educação diferenciada vai realmente formar indivíduos preparados para o mercado de trabalho e que, ao mesmo tempo, valorizam a cultura e o meio ambiente. Não se trata de uma educação sem responsabilidade, é uma responsabilidade que nasce dentro deles mesmos".


Fiocruz e os Territórios Sustentáveis e Saudáveis


A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) oficializou, no ano passado, o Programa Institucional de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (PITSS) como uma ação estratégica para trabalhar de forma sistemática o assunto em todo o país. "A aprovação do PITSS consolida institucionalmente essa linha programática que estamos construindo no OTSS", pontuou Edmundo Gallo.

Jadson Santos, liderança caiçara da Praia do Sono, contou sobre a luta pela educação diferenciada e sobre as conquistas da comunidade para garantir o acesso à educação sem precisar deslocar as crianças e jovens.

"Eu acredito que uma capacitação como essa deveria ser pensada também para o corpo técnico da Fiocruz, mais ampliado, com outros estados, já que o PITSS se tornou um projeto institucional da Fiocruz", completou Lia Mara.


Experiência concreta


Há dez anos, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) deram os primeiros passos para a construção de uma iniciativa transformadora na Serra da Bocaina. Era o início da experiência de saneamento ecológico da Praia do Sono, comunidade tradicional caiçara de Paraty (RJ) que escolheu como bandeira de luta a preservação de seus rios e a sustentabilidade no tratamento das suas águas.


Uma das conquistas desta mobilização foi a elaboração do Guia Caminho e cuidado com as águas: faça você mesmo seu sistema de saneamento ecológico. Lançada durante a capacitação, a publicação destaca a trajetória do saneamento ecológico na Praia do Sono e explica, em linguagem simples e acessível, o passo-a-passo para que mais comunidades tradicionais possam avançar no saneamento rural por meio da construção de Tanques de Evapotranspiração (TEVAP), também conhecidos como Bacias de Evapotranspiração (BET), Fossa Verdes ou Fossas de Bananeira.


Tanque de Evapotranspiração (TEVAP) construído na Praia do Sono: saneamento ecológico como instrumento para garantir a permanência da comunidade em seu próprio território

Elaborada pelo Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), a publicação faz parte do projeto “Territórios Sustentáveis e Saudáveis: Implantação de sistemas de tratamento de esgoto na Comunidade Caiçara da Praia do Sono”, uma iniciativa da Funasa, Fiocruz e FCT com a participação da Associação de Moradores Originários da Praia do Sono e apoio da Prefeitura de Paraty, Área de Proteção Ambiental Cairuçu (APA Cairuçu) e Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha Grande (CBH-BIG).


Para acessar o Guia "Caminho e cuidado com as águas: Faça você mesmo seu sistema de saneamento ecológico", clique aqui.


Texto: Vanessa Cancian/ Comunicação OTSS

Fotos: Eduardo Napoli/ Comunicação OTSS

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