Redes de solidariedade reforçam ações nas áreas de soberania e segurança alimentar, direito à terra e economia solidária para fazer a diferença no combate à pandemia
Em meio ao contexto de pandemia que se instaurou no mundo e no Brasil, as comunidades tradicionais do território da Bocaina tomaram atividades de prevenção e isolamento para conter o avanço da COVID-19. Além disso, diversas redes de solidariedade, dentro e fora dessas comunidades, estão sendo constituídas para evitar que a fome e a falta de recursos essenciais cheguem aos comunitários que estão em maior situação de vulnerabilidade.
Comunidades que tradicionalmente se mantêm pelo turismo há mais de quatro décadas se posicionaram contra o acesso de pessoas vindas de fora a seus territórios. Trindade, Quilombo do Campinho e Praia do Sono são alguns exemplos que adotaram essas medidas em Paraty. Em Ubatuba, a Vila da Picinguaba, Camburi, Almada, Puruba e diversas outras estão igualmente barrando visitantes e defendendo seus territórios da pandemia. Todas as aldeias indígenas também estão fechadas para visitação e acesso turístico.
No município de Paraty, foi organizada campanha inicialmente direcionada ao abastecimento das aldeias organizada por um grupo de pessoas da sociedade civil que formaram o que denominaram de Junta Comunitária, o C.A.N.O.A. Arte Indígena e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba. A campanha dialoga com Campanhas de Ubatuba organizada pelo Movimento Ubatuba Viva e a Rede de Apoio da Aldeia Sapukay em Angra dos Reis.
“A pandemia ameaça a saúde e a vida na Bocaina como em qualquer outro lugar. Portanto, o isolamento social é uma necessidade. Porém, o trabalho das pessoas que vivem nesse contexto é quase que na sua totalidade informal. Sem a economia para os informais, autônomos e desempregados são os primeiros a ficar sem grana para suprir as necessidades básicas. Se formos falar da vulnerabilidade dos grupos sociais em questão, é natural que tudo se agrave em momentos assim”, alerta Ronaldo Santos, Secretário Adjunto de Promoção das Comunidades Tradicionais da Prefeitura Municipal de Paraty.
Economia solidária entre comunidades e produtores
Mapear produtos, produtores e feiras e escoar as produções locais são ações que estão sendo impulsionadas pela falta de abastecimento externo. Produtos alimentícios locais fazem com que haja o fortalecimento da economia solidária dentro e fora das comunidades tradicionais.
"A economia solidária é o que possibilita os recursos financeiros, alimentares ou de outra natureza circularem entre o povo, numa economia localizada e com autocuidado. A compra de produto dos agricultores locais para compor as cestas que foram distribuídas na aldeias de Paraty é um exemplo muito importante dessa rede que precisa ser cada vez mais forte e intensa", salienta Ronaldo dos Santos.
Comida de verdade contra pandemias
“Os planos agroecológicos que temos trabalhado na área da agroecologia do OTSS vêm na perspectiva de contribuir, apoiar e dar continuidade aos processos de promoção da agroecologia nos territórios tradicionais não meramente como uma prática de manejo produtivo, mas sim a agroecologia ligada à cultura das comunidades tradicionais, à sua forma de vida. Isso leva ao casamento das práticas tradicionais com manejo, produzindo alimentos saudáveis, gerando conhecimento, encontro entre gerações e casamento entre conhecimento técnico e acadêmico para encontrar propostas para formulação de agroecossistemas adequados ao contexto da mata atlântica e que sejam de acordo com o modo de vida das comunidades”, explica Fábio Reis, assessor de articulação institucional territorializada do OTSS.
Ele explica também que o foco do trabalho da agroecologia é contribuir com os processos em curso, fazer levantamentos com agricultores e agricultoras das práticas existentes, das áreas produtivas, como essas áreas estão produzindo e como esses alimentos são consumidos. “Dessa forma podemos ampliar as estratégias de produção de alimento para dentro dos territórios para que, em contextos como esse de pandemia, possamos ter cada vez mais fontes de alimento seguras”, completa Fábio José dos Reis.
Acesse a Campanha para Compra de Mantimentos em Apoio as Aldeias Indígenas da Região da Bocaina
Seguem abaixo os dados de contas bancárias que estão sendo utilizadas para arrecadar fundos.
Conta para doação:
JUNTA COMUNITÁRIA:
Nina Taterka Prado
CPF 052.844.287-22
Banco Bradesco
AG 1645
CC 6409-2
Como contribuir com as aldeias indígenas do Sudeste
Nesse link você pode saber mais sobre a campanha "Povos indígenas contra o corona vírus", que está sendo organizada pela Comissão Guarani Yvurupa, articulação nacional dos povos guarani. Em Ubatuba, Angra dos Reis e Paraty também há pontos de coleta para doação e dados bancários para doações em dinheiro.
Conta para doação
Comissão Guarani Yvyrupa
CNPJ: 21.860.239/0001-01
Banco do Brasil
Agência 3560-2
Conta corrente 25106-2
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